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| Fonte: http://www.parlamento.pt/Paginas/2009_InauguracaoVenturaTerra.aspx |
O nascimento dos partidos de quadros ocorre na “época do sufrágio censitário ou da instituição do sufrágio universal, no ambiente liberal” (Fernandes, 1995). Os partidos de quadros têm como objectivo a reuniam de notáveis, não sendo colocado em primeiro plano um recrutamento massivo de membros, mas sim a obtenção de pessoas qualificadas e com alto prestígio na sociedade em geral, ou seja, neste tipo de partido é pretendida a obtenção de qualidade através dos seus membros em detrimento da quantidade. Existe uma maior preferência por este conjunto de notáveis, “quer pelo prestígio, que lhes confere uma influência moral, quer pela sua fortuna, que lhes permite ajudar a cobrir as despesas das campanhas eleitorais” (Carvalho, 2008) .
O elemento de base deste tipo de partido é o comité que comunga com o espírito do próprio partido “flexível, indisciplinado e pouco estruturado” (Fernandes, 1995), apresenta uma estrutura “restrita e fechada” (Fernandes, 1995).
Conforme indicado anteriormente a unidade organizativa de base dos partidos de quadros é o comité (caucus), este comité é caracterizado por apresentar um carácter restritivo reunindo um pequeno grupo de notáveis sendo feito o ingresso por cooptação, apresenta uma estrutura informal e hierarquizada. Este tipo de organização tem funções estritamente eleitorais e com uma actividade semi-permanente sendo que a eleição dos dirigentes assume um carácter oligárquico. Os indivíduos pela sua origem e importância social tornam o comité como um organismo de expressão política da burguesia. (Lara, 2005)
Tendo como exemplos nacionais o CDS/PP, Partido da Terra, Partido Ecologista os Verdes, Bloco de Esquerda podemos afirmar que são partidos de uma dimensão relativamente pequena, apoiando a sua acção numa doutrinária bastante vincada. (Lara, 2005)
Certamente já ouvimos a expressão "Partidos do arco da governação", no entanto este tipo de partido ocupa uma posição periférica em relação ao exercício do poder, ou seja, são partidos eminentemente de combate e oposição, não formando por si só um governo. O partido de quadros tende a ser fundamental na elaboração de coligações pós ou pré-eleitorais, alimentando essas parceriais com os seus elementos maioritariamente da classe média e com formação superior. (Lara, 2005)
Em futuras públicações iremos definir os Partidos de Massas e os Catch all Parties, no entanto apresentamos um quadro que define bem as suas principais diferenças:
Partidos de Quadros, Partidos de Notáveis, Partidos de Comité ou de Representação Individual
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Partidos de Massas, Partidos de militantes
| Partidos de Catch all Parties |
Apareceram nos começos da democracia demo-liberal, com o sufrágio censitário. Caso do partido conservador britânico e dos partidos políticos norte-americanos
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Apareceram no último quartel do século XIX,com o sufrágio universal. Caso dos partidos sociais-democratas e socialistas
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Apareceram sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial. Caso do partido gaullista,da DCI, da UCD alemã e do PPD/PSD com Cavaco Silva.
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Partidos de agregação de interesses concretos sem forte carga ideológica
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Têm forte carga ideológica
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Recruta a respectiva clientela entre todos os estratos sociais. Renunciam a toda as contundentes declarações de princípios, apresentando objectivos atractivos e ambíguos de alcance geral. O êxito da respectiva estratégia depende do líder, fazendo surgir um novo processo de personalização do poder.Primado das estratégias de curto prazo sobre as componentes ideológicas.
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Procuram a qualidade e não a quantidade. Isto é, buscam notáveis, personalidades com prestígio e influência
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Recrutamento massivo. Interessa mais o número do que a qualidade
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Partido popular ou de toda a gente catch-all-party
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Auto-financiamento pelo pagamento de quotas
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Estrutura administrativa muito simples. Militantes muito individualistas e pouco dados à disciplina. Não precisam de ser remunerados. Forte descentralização. As secções locais estão sujeitas a lideranças pessoais muito fortes
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Uma organização muito estruturada com uma burocracia própria, com profissionais políticos. O respectivo modelo organizativo tende a reproduzir o esquema do aparelho de Estado
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Fortalecimento crescente dos políticos situados nas esferas cimeiras do partido e desvalorização do papel do membro individual
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Actividade política permanente, com mobilização e consciencialização das massas
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Vive constantemente do fantasma da popularidade, procurando o protagonismo através dos meios de comunicação de massas e do marketing político
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Procura estabelecer constantes ligações com com os mais diversos grupos de interesses
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CHARLOT (1970)
Partidos de Notáveis
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Partidos de Militantes
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Partidos de Eleitores
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SARTORI
Legislative-Electoral Party
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Organizational Mass Party
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Electoral Mass Party
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DUVERGER (1951)
Partidos de Quadros
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Partidos de Massas
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NEUMANN(1956)
Partidos de Representação Individual
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Partidos de Integração Social
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Bibliografia:
Carvalho, M. (2008), Manual de ciência política e sistemas políticos e constitucionais. 2ª Edição, Quid Juriz. Lisboa
Fernandes, A. (1995), Introdução à ciência política, Teorias métodos e temáticas. 1ª Edição, Porto Editora. Porto.
Lara, A. ( 2005), Ciência política – Estudo da ordem e da subversão. 3ª Edição, ISCSP. Lisboa
Maltez, J. (1998), Visitado em 13 de Outubro de 2015 em http://maltez.info/

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